terça-feira, agosto 27, 2013

O conforto cristão

“Mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. (Mt. 8:20).
“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma”. (Mt. 10:28).
E, não aparecendo, havia já alguns dias, nem sol nem estrelas, caindo sobre nós grande tempestade, dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento.” (At. 27:20)

Textos como os descritos acima são um pequeno exemplo da distrância entre o ensino de Jesus e o conceito que as igrejas contemporâneas têm sobre andar com Jesus.

Infelizmente, o legado deixado pelo Ocidente à igreja é o do vínculo da vida de Deus com o conforto. Um conceito que nem de perto é estimulado pela palavra de Deus, pelas experiências dos nossos irmãos e até mesmo do Senhor Jesus. Isto só é estimulado pela liderança pós-moderna.

O único conforto que combina com o coração do discípulo, segunda a Bíblia, é o da paz interior. Não há promessas de sucesso financeiro (antes, há muito mais estímulos a doações e desapego do que a querer ganhar), não há promessas de prosperidade e até mesmo de estabilidade. Tudo isto é invencionismo evangélico, é um suspiro diante da morte do ego, uma atitude de autoengano diante da cruz.

O erro começa quando não entendemos esta mensagem da cruz. Talvez queiramos andar com ela estampada em nosso marketing pessoal, porém nós mesmos não queiramos estar crucificados nela. A cruz representa o fim da linha, e isto não é nada bom para os nossos planos de vôo. Para voltarmos a depender de Deus foi que Cristo morreu. Mas a nação igrejeira criou a participação nos lucros. Na verdade, criou a diretoria, a gerência, o departamento de marketing e o “clube dos sonhadores”.

O discípulo está crucificado com Cristo, está crucificado para o mundo, e o mundo está crucificado para ele (Gl. 2:20/ 6:14). Ele está convertido aos objetivos e alvos de Deus. Os seus alvos pessoais passaram a ser de acordo com a vontade de Deus. Sua agenda pertence a Deus, seu tempo, seu dia-a-dia, tudo gira em torno de Cristo. É por isso que os cristãos de tempos atrás eram chamados como aqueles que haviam sofrido “lavagem cerebral”. Porque desistiram de si mesmos, por algo maior. Entenderam o amor de Jesus que havia deixado o trono de glória para se tornar como homem com o fim de nos resgatar.

Agora, encontramos em muitos lugares do mundo esta pregação que visa o conforto da carne. Mais sucesso pessoal, mais benefícios para si, mais e mais dinheiro, mais fama (até isto se tornou sinônimo de sucesso segundo Deus), mais glamour, mais brilho, mais glória para o homem. Vaidade em excesso, exposição de prazeres carnais viraram fator de atração para a igreja. A mensagem do evangelho se tornou insuficiente, então precisamos incrementar com a nossa marca. Tal qual no dia em que comemos da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois naquele dia queriamos ser iguais a Deus.

E assim, como envolvida em uma voraz obra de encantamento, parte da Igreja se perdeu em seu proprio flerte com tudo aquilo que Deus condena: o amor ao dinheiro, a glória humana, o amor e apego ao mundo, o desejo de ter, ter, ter.

Eu, como todo cristão, amo a Igreja do Senhor Jesus. Também já me envolvi demais com ela a tal ponto de não perceber certas misturas em minha vida. Assim, o objetivo deste artigo não é sair atirando aleatóriamente tentando ofender a qualquer pessoa. O meu desejo é o de que todos nos santifiquemos cada vez mais.

Mas tudo começa com a cruz. Ou morremos para nós, ou vamos estar mortos para a vontade de Deus. Não podemos servir a dois senhores.

Com amor,


Samir

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