quarta-feira, janeiro 04, 2017

Uma nação de sacerdotes

     Foi a partir do século 18 que começou o processo de retorno dos judeus à terra de Israel. Depois de séculos de perseguição e injustiças sofridas, paulatinamente diversas nações passaram a tolerar, reconhecer e apoiar aos judeus, que prosperavam muito aonde estivessem.
     Em 1947, pelas mãos do gaúcho Osvaldo Aranha, a assembleia extraordinária da ONU define a partilha da Palestina, assegurando a Israel as terras que proporcionariam o recomeço de seu restabelecimento como nação. Logo este pequeno País tornaria-se uma potência mundial em tecnologia geral, armas bélicas, agricultura e recursos hídricos e tudo o que se pode imaginar!
     Paralelamente, os israelitas e a igreja tem trajetórias semelhantes. Tanto eles quanto os cristãos sofreram longos períodos dispersos pelo mundo; eles perderam sua pátria e a igreja, a sua identidade -  a reforma protestante é apenas um exemplo. 
     Israel voltou a ser um Estado, uma nação. A igreja, por sua vez, ainda está acordando para sua vocação, redescobrindo sua responsabilidade de estabelecer uma nação de sacerdotes. Sim, somos livres, mas já agimos muito como escravos - escravos de leis, regras, falsos ensinos e falsos propósitos. Estamos retornando às origens, reaprendendo o ofício. Há um burburinho de águas que vem crescendo, um barulho de pessoas que resolveu levantar-se.
     Essas pessoas estão deixando para trás o "entrar para a igreja" para ser igreja; elas resolveram pôr em prática o gesto mais evidente de alguém que tem intimidade com o Senhor Jesus. Tais irmãos decidiram obedecê-Lo humildemente, sem preocupar-se com ministérios pessoais, encargos, nomes e reconhecimentos, e se dispuseram a pregar o evangelho. Esses são os verdadeiros discípulos de Jesus, que se unem aos heróis missionários desta e das gerações passadas, e tal qual Israel que voltou para seu território, estão se voltando à prática das primeiras obras.
     Não é de se admirar que ao mesmo tempo que esses homens e mulheres têm se disposto a sair da inércia, mais e mais sinais tem respaldado suas iniciativas, e Deus tem curado enfermos pelas ruas, casas e hospitais - é como se conseguíssemos ver o Seu sorriso aprovando a ida desses frágeis, mas corajosos soldados aos hostis ambientes de guerra encontrados pela frente.
    Suas armas não estão na força de seus braços; eles não ousam confiar em si mesmos, e por isso não saem sem orar, tendo o firme propósito de não discutir com os ouvintes pelo caminho. Além disso, eles não estão indo para falar do grupo a que fazem parte ou de alguma denominação específica, mas estão levando as boas notícias, o evangelho. A proclamação de que Jesus, Deus em pessoa, veio a terra para nos resgatar de tudo o que nos atormenta e de que temos um Pai no céu e de que o céu é de verdade; de que podemos mudar de vida e de que nossos pecados podem ser perdoados instantaneamente, e de graça!
     Sim, o evangelho que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16) e nenhuma outra pregação produzirá tanta mudança em um coração quanto as boas notícias, que falam da autoridade de Jesus para assumir nossa culpa, perdoar nossos pecados, purificar nossos corações e gerar em nós nova vida. E somente teremos êxito em nossas incursões de proclamação se nossa própria vida estiver próxima a esta poderosa verdade, experimentando pessoalmente o poder transformador do evangelho, pois não poderemos alcançar qualquer pessoa apenas com o conhecimento teológico ou com palavras, mas com a experiência de quem tem provado da bondade, do perdão, da restauração e do amor do Senhor Deus.
     Nesses dias Deus está levantando trabalhadores para Sua seara - médicos que cansaram de ficar no meio dos sãos e estão indo para as ruas, becos, praças, hospitais, parentes, vizinhos e amigos, em busca dos doentes, pobres e desesperados, levando a cura, o antídoto. Estes irmãos são verdadeiros amigos de Deus e dos homens, amando a Deus e a seu próximo, exercendo exatamente a missão da cruz de religar a criatura a seu Criador. Quando esta missão estiver completa, então nós também deixaremos para trás nossas embaixadas aqui na terra e poderemos retornar à nossa Pátria celestial. Com uma nação de sacerdotes.

Um comentário:

Willian disse...

Que bênção de texto samir..
Que possamos resgatar a identidade da igreja cada vez mais, não só aqui mas no interior de nossos Estados também, pois sou do interior e la a igreja não é tão ativa como em grandes cidades.
Como é bom ter Deus como amigo e obedecer a vontade dEle sem exitar, e anunciar as boas novas é um dever e prazer para todo Cristão.